quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Olhar crítico de Domingo

      'Estava lá sentado esperando a minha carona chegar. Era uma tarde fria, mas de sol, este recolhia-se lentamente no colo do vale.
Já me tornava impaciente, enfiado naquela blusa de malha que me embrulhava os braços e o pescoço sem sufocar-me, pelo menos não tanto quanto as horas que não passaram, nem me lembro ao certo qual era a minha pressa, apenas recordo da caixa que guardava eu abaixo dos braços, sei que algo tinha de haver com ela.
      Apesar da minha memória falha das obrigações daquele fim de domingo, trago muito bem a imagem dos cabelos ao vento, daquele ser que se pôs a janela enquanto eu, lá fora esperava sabe se o que. Do prédio nada mais brilhava, nem surtia tal efeito como aquela distante figura posta a janela, que iluminada pelos raios dourados do Sol cintilavam feito pedra preciosa.
     Ela não me pareceu impaciente assim como eu, pelo contrario, se mostrou serena e ávida de uma paciência característica de fim de tarde do interior, onde não há a preocupação de se correr com nada, e sim como ela mesma o fez, sentar-se junto a janela e admirar o céu puramente azul, o verde vivo da grama, o silêncio daquele bairro tranquilo. Eu jamais teria reparado em qualquer desses aspectos se tivesse continuado sozinho, não obstante veio ela tirar-me da impaciência para levar-me ao transi, contemplando a natureza mista e rica daquela paisagem composta por verdes, dourado, um prédio e aquela bela, de cabelos negros ao vento.
    A minha contemplação já durava alguns minutos, a moça raramente se movia, as vezes mexia nos fios de cabelo, ou então apoiava o queixo em uma das mãos e tornava a admirar o pôr-do-sol, sem intimidar-se com a altura em que encontrava a janela de seu aposento, onde julgo eu, ser o quarto dela. Enquanto eu, perdido em especulações de mero escritor , enfiado num momento de calma, que acabaria assim, sem porque, simplesmente com o chegar da minha carona, a qual a minutos eu reclamava a demora, e neste momento já nem sabia mais o motivo da vinda até mim.
    Entrei no carro azul com minha caixa, despedindo me somente com o olhar da minha doce figura que a janela estava, imóvel e meditante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário