terça-feira, 15 de novembro de 2011

Decepções...

        'As gotas de chuva caiam no para-brisas,  o ar de tão tenso tornava-se tóxico, e eu o respirava com dificuldade. Era difícil dirigir, respirar e entender aquela que ao meu lado estava. As duas primeiras tarefas não eram por si só impossíveis, mas graças a ela assim se faziam.
     Retrocedi todo o percurso do dia, como quem procura algo que perdeu, refazendo caminhos, vasculhando palavras, recordando reações, e os porquês de todo aquele barulho não encontrei.
     Ela, muda e gélida, sentada  lá quase que sem movimentos, raramente resmungava algum pedaço da música que tocava na rádio, as quais nada ajudavam no clima, que a cada quadra ficava mais e mais pesado. As curvas na estrada eu fazia sem perceber, cada esquina e semáforo contavam com a sorte, meus pensamentos perdidos, buscando entender... E para que?

     O destino era a sua casa, e este não demorou chegar , sem nem saber como estava em frente a casa dela. Palavras trocadas, o que estava ruim a cada segundo se tornava pior, ideias grosseiras, desculpas demais, mentalidade fútil que sem argumentos para me responder, bateu a porta e saiu. Por instantes acompanhei o caminhar daquela que saia como se eu houvesse lhe ferido a alma, ofendida, machucada, contrariada. A contemplação durou pouco, o suficiente para que eu voltasse a mim.

   Assim que a porta bateu, meu coração deu um pulo, como se acordasse, somente para que meus olhos enxergassem a cena, compreendendo a, e tendo a assim a certeza de que aquilo nada tinha a ver comigo, era mais uma história dela, mais um episódio que entrei sem saber o enredo, e agora, no caminho de volta para casa saboreio o gosto da raiva e o amargo de uma decepção que me toma por completo.    

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